DO CONVENTO AO CÁRCERE – O CONVENTO: da Congregação Bom Pastor D’Angers ao Reformatório de Mulheres Criminosas

O Convento é resultado de uma cuidadosa pesquisa histórica e análise documental dedicada. Ao recuperar a história da Congregação Bom Pastor D’Angers, a autora constata que a penitenciária feminina gaúcha Madre Pelletier foi a primeira a ser administrada pela congregação, servindo de modelo para as demais penitenciárias femininas no país. No entanto, a Congregação Bom Pastor era muito mais que uma instituição penitenciária, pois desenvolvia atividades de educação doméstica (primária e secundária), abrigo para menores, especialmente de “meninas indisciplinadas” e pensionato para idosas, um “caleidoscópio”, nas palavras de Débora. O assistencialismo religioso, ao mesmo tempo que supria a ausência do Estado para com aquelas que se encontravam em condição de vulnerabilidade, implicava também um “disciplinamento” sobre os corpos femininos. Nesse sentido, desvela-se a imbricação entre religião e poder punitivo sobre as mulheres (prostitutas, meninas órfãs, criminosas, mães solteiras, viúvas pobres, etc.) que, por “desviarem-se” dos tradicionais papéis de gênero, eram encaminhadas aos conventos.